A Jornada do Som

Publicado originalmente na revista Estrela Rubi sob o pseudônimo Kin-Fo

Um som antigo, revisitado em um novo prisma, trás o herói em um novo formato e dá prosseguimento a jornada da humanidade através do novo Aeon.


Em janeiro ministrei uma das palestras abertas da Loja Quetzalcoatl com o tema de Cakras. Esse artigo será bem interessante para aqueles que estiveram presentes, porém para não deixar os demais leitores “na mão” farei um pequeno resumo do material apresentado:


Cakras são centros energéticos que encontramos dispostos sobre nossa coluna vertebral. O estudo desses centros é originário da civilização hindu, embora no decorrer dos séculos outros grupos e povos tenham prosseguido seus estudos nessa mesma direção, alguns de maneira consonante, outros paralela.


Dentro da literatura hindu existem diversas referências e correntes a respeito dos Cakras. Certos princípios variam exatamente de acordo com a linhagem escolhida para o estudo. Nem mesmo o número total de Cakras é comum à literatura, embora exista uma certa homogênea a respeito do número de Cakras principais serem 6, com um sétimo a desbotar no topo da caixa craniana como a união dos demais.


Tradicionalmente os Cakras são representados como lótus, com um número de pétalas variável. Cada Cakra possui um mantra semente em seu centro, e outros mantras menores em suas pétalas. O somatório de todos os mantras de todos os Cakras corresponde ao número de letras do alfabeto sânscrito – antigo idioma comum da Índia, e língua sacra na ritualística religiosa.


Isso significa que todos os mantras presentes no corpo humano, se encontram presentes no alfabeto sânscrito ou que o alfabeto sânscrito é na verdade constituído de mantras. Uma história bem antiga diz que milhares de anos atrás, sábios passaram suas vidas a meditar nas montanhas do Himalaia, se pondo a escutar a seus corpos. A partir dos sons que eles ouviram em si, eles conceberam o idioma sânscrito. Dessa forma, cada letra desse idioma estaria diretamente relacionada, em níveis vibratórios, com uma determinada parcela do corpo humano.


De todas as letras do sânscrito, uma é especial, pois é a raiz de todas as demais que se trata da letra ! Essa letra costuma ser chamada no ocidente de OM. O  é o bija, a semente de todas as letras do sânscrito e consequentemente de todos os mantras. Sua pronuncia, se corretamente adaptada para o alfabeto ocidental, contempla 3 sons distintos, que correspondem ao nosso A, U e M.


O AUM representa uma jornada em três estágios. Embora a entonação varie de indivíduo para individuo, a ideia fundamental permanece. Aleister Crowley estudou as propriedades desse mantra, oferecendo um detalhado estudo, publicado no Liber ABA – Book 4. “Primeiramente, ele representa o curso completo do som(...)Simbolicamente, este anuncia o curso da natureza procedendo livre criação sem forma através da forma controlada até o silêncio da destruição. Os três sons são harmonizados em um.”


O primeiro som “A”, é feito com boca aberta em toda sua amplitude. Está diretamente relacionada com a letra Aleph e ao louco do tarot. “A” representa todo o potencial do universo, ao mesmo tempo em que representa a virgem concebida pelo espírito santo.


O segundo som “U” se faz com a boca fechando. Está relacionada com a letra Vav, que é o Hierofante do tarot. Representa o filho nascido, o deus que se fez carne, o príncipe que parte para aventura em busca de sua princesa.


O terceiro som “U” é feito com a boca fechada, quase um sussurro. Está relacionado com a letra Mem, o enforcado/pendurado do tarot. Representa o deus morto, o Cristo crucificado expresso na fórmula do INRI.


Os três sons representam as três principais etapas da vida humana, isso é: o nascimento, a vida e a morte. Esse curso também pode ser encarado como a criação, a manutenção e a destruição, o que para os antigos hindus era representado por Brahma, Vishnu e Shiva.


Durante séculos a fórmula do AUM foi utilizada por se adequar perfeitamente ao Aeon de Osíris e a fórmula do Deus Morto. O mitólogo Joseph Campell chegou a descrever o AUM, da seguinte maneira: “a sílaba simbólica AUM que é o equivalente verbal dos quatro estados de consciência e dos seus campos de experiência. A: consciência vígil; U: consciência onírica; M: sono sem sonhos. O silêncio em torno da sílaba sagrada é o Imanifesto Transcendente”.


Aqueles que estão familiarizados com cultura thelemica já se deparam com a fórmula do AUMGN. Em diversos ritos, escritos ela é utilizada. Caso você seja um dos que já tiveram a oportunidade de assistir a execução do Liber XV - a missa gnóstica na loja Quetzacoalt, com certeza deve se recordar dele no credo da EGC.


Thelema não descarta o conhecimento legado da humanidade. O Aeon de Hórus possibilita ampliar a visão do ser humano dentro do seu universo metafísico pessoal. Assim sendo o AUM ganhou novos aspectos. O “Imanifesto Transcedente” descrito por Campbell se tornava visível, palpável e compreensível.


Ao alterar a grafia de AUM, Mestre Therion buscou transcender a visão catastrófica da natureza, fadada a morte, por uma visão que explicitava a transcendência da vida além da morte. O sufixo GN trás ao mesmo tempo a ideia de conhecimento e geração. Sua inspiração é anasalada, criando uma conexão entre o mantra e a questão do prana, ao ar e a vida. Assim transformar o M em MGN é não mais enxergar a criação distinta da dissolução, mas trabalhar com criação e dissolução  como curvas que se complementam dentro do universo real.


G está relacionado com Gnosis, o conhecimento, assim como está relacionado com a letra Hebraica Gimmel, a Sacerdotisa, a grande iniciadora dos mistérios da vida. N por sua vez está relacionado com Num, a morte, a grande transformação, que está relacionada com o escorpião, a serpente (símbolo do conhecimento) e a águia (símbolo da exaltação sobre a matéria). Para saber mais sobre os aspectos da morte sob um prisma thelêmico, consulta a Estrela Rubi nº 9.


Está escrito no Livro da Lei: “Contemplai! os rituais do tempo antigo são negros. Possam os maus serem lançados fora; possam os bons serem purgados pelo profeta! Então este Conhecimento seguirá correto.” (AL II:5).


Mais do que uma simples mudança ortográfica, a reformulação do AUMGN permite purgar a fórmula do mantra e o trabalho a ser realizado com ele para o Aeon de Hórus. A jornada do Herói não acaba com a morte, ele continua e vai além seja através do som ou através das cartas do tarot. Além disso, o estudo do AUMGN é profundo, pois carrega uma bagagem de séculos de estudos. Aqueles que desejarem poderão se aprofundar no assunto consultando Magick in Theory and Practice, capítulo VII.


Armas Alquímicas

Publicado originalmente na revista Estrela Rubi sob o pseudônimo Kin-Fo


Faze o que tu queres será o todo da lei


Mensalmente a loja Quetzalcoatl promove palestras abertas para seus membros e convidados. O tema da palestra de junho foram as Armas Mágickas. Na ocasião tivemos a oportunidade de conversar sobre o que são, para que servem essas armas, além de conversarmos sobre alguns casos específicos. Caso você tenha perdido a oportunidade da palestra, recomendo uma leitura no estudo do Frater Eros, publicado na edição IV da Revista Estrela Rubi.

Nesse artigo vamos falar um pouco sobre uma interessante correlação entre magia cerimonial e alquimia que podemos fazer com as armas mágicas. Esse estudo é baseado na obra de Aleister Crowley, em especial o seu Liber ABA – Book Four.

Falemos um pouco sobre Alquimia. A Alquimia é uma das correntes de pensamento esotérico mais antigas do qual temos conhecimento. Embora no imaginário popular a palavra alquimista traga a mente a figura de um sujeito com roupas da idade média trabalhando em um laboratório de química rústico, é difícil dizer que ela seja um produto europeu ou medieval. Em si a alquimia carrega elementos gregos, egípcios, islâmicos, babilônicos e até do extremo oriente asiático.

Embora não seja possível falar em uma corrente única e concisa do pensamento alquímico, podemos identificar alguns elementos comuns e relevantes aos diferentes grupos que se utilizam dessa denominação. A transmutação de corpos e a criação de elementos universais são os grandes objetivos da alquimia, seja da mera transmutação do chumbo em ouro até a do espírito grosseiro à mente esclarecida.

Na história da ciência a Alquimia foi responsável pela sistematização do pensamento da Química moderna. Os alquimistas europeus buscavam a precisão de suas experiências e a capacidade da reprodução de seus resultados. Não à toa a Alquimia era chamada de Arte da Balança pelos seus críticos renascentistas. A separação entre Química e Alquimia somente ocorreu no século XVII com o lançamento de “O Químico Cético” de Robert Boyle que trouxe a tona o primeiro modelo de átomo, dando um ponta pé para uma nova visão de mundo diferente à de Paracelso e de outros alquimistas do passado.

A Alquimia europeia se desenvolveu com base no pensamento aristotélico de que os corpos existentes eram formados por diversas quantidades de elementos arquetípicos chamados terra, ar, fogo, água e aether. Assim o percentual de um elemento na formação do corpo, seria responsável pela energia que ele sofreria. Um corpo com maior quantidade de ar, sofreria menos ação da gravidade que um outro corpo com maior formação de terra. A exceção seria o aether, cuja função seria preencher os espaços não ocupados pelos outros quatro elementos.

Algumas armas possuem certas características que permitem a sua analise associada a outras armas. Um exemplo é açoite, a adaga e a corrente, que juntos representam os três elementos alquímicos, ou seja, o enxofre, o mercúrio e o sal. Mas por quê dessa associação e qual a função desses três elementos?

Antes de mais nada é preciso termos em mente que quando falamos de enxofre, sal e mercúrio nós não nos referimos aos elementos como concebidos pela química hoje, e sim a certos princípios místicos que são ilustrados através das características desses.

Assim o enxofre está associado ao calor, ao fogo, a ação, pois o elemento químico enxofre tem como característica ser um excelente combustível. No caso da alquimia esse fogo é o ímpeto humano, a libido. A arma mágica associada a esse elemento é o açoite cuja aplicação atinge a alma animal do indivíduo, sempre em busca de novos estímulos. O açoite não funciona como ferramenta de punição, mas disciplina do indivíduo.

O mercúrio representa o princípio volátil. O elemento químico é brilhoso, e ao ser aquecido é capaz de brilhar e adaptar sua forma ao meio em que se encontra. Você se lembra daquele velho termômetro guardado no banheiro da sua casa? Pense que basta a mudança de poucos graus na temperatura para que ele adote nova forma e dimensão. A adaga é associada ao elemento mercúrio. Sua grande característica é a calma. Através da adaga que o adepto direciona  a sua vontade para o fim da grande obra.

O sal por sua vez representa a união do mercúrio com o enxofre, pois é uma característica química que o mesmo se origine através do trabalho com os elementos. Sua característica é a união, no sentido de nos permitir agregar nossos pensamentos dispersos em torno de um propósito comum. Assim a corrente passa a ser é associada ao sal, e seu uso ao redor do pescoço permite unir os pensamentos para o grande fim.

É possível pensar na relação entre enxofre, mercúrio e sal através de polaridades elétricas. O enxofre é positivo, mercúrio é negativo e o sal é neutro. Podemos também pensar nesses elementos como o enxofre sendo masculino, mercúrio feminino e o sal como a união destes. Também é interessante notar como cada elemento desses traduz características do espírito humano, e como a arma mágica associada a esse elemento nos permite trabalhar com a característica envolvida.

Tal como o trabalho de mistura do enxofre, do mercúrio e do sal deve ocorrer dpor um tempo que o permita ser banhado com o orvalho da noite, o trabalho com a adaga, o açoite e a corrente deve ser coroado com a utilização do óleo sagrado pelo magista. Esse óleo, ou orvalho, representa a aspiração do magista e o consagrando-o em sua missão na grande obra.

Muitas lições podem ser aprendidas a partir de cada uma das armas mágicas, e de sua utilização com as demais. Espero que esse breve texto tenha permitido a vocês vislumbrar um pouco mais esse potêncial.


Amor é a lei, amor sob vontade


Guru, quem é esse?

Publicado originalmente na revista Estrela Rubi sob o pseudônimo Hanuman


Uma breve conversa, um simples estudo, que busca regatar nas origens hindus do termo,  o significado da palavra guru e sua correlação com o objetivo de trabalho dentro de Thelema.



Caríssimos amigos!


Faze o que tu queres será o todo da Lei.


Hoje falaremos sobre um assunto que talvez seja novo para alguns, mas que provavelmente será simples para outros. Falaremos de uma figura muito falada, mas pouco conhecida na sociedade desse lado do planeta terra. Hoje falaremos sobre o papel do guru.


Om namo deva devesa

     paratpara jagadguro

Sadasiva mahadeva

     gurudiksam pradehi me.


Disse então a deusa: “Saudações, Oh Deus, senhor dos deuses, altíssimos entre os altos, professor do universo, benevolente, Oh grande Deus, que me iniciou no conhecimento do meu Guro”. Essa passagem vem de uma antiga escritura hindu que narra uma conversa entre o deus Shiva e a deusa Parvati. Nela são descritos e afirmados os princípios norteadores do guru dentro da filosofia hindu.


Quem é o guru? Podemos buscar mais informações em outras fontes. Uma bem elucidativa sobre o assunto é o Advaya Taraka Upanishad, outro livro sagrado da Índia antiga, que diz:


Um professor realmente competente é versado nos Vedas, um devoto de Vishnu, livre de inveja, puro, um conhecedor de Yoga, dedicado a Yoga, sempre tendo a natureza do Yoga.


Ele, que é equipado com devoção ao seu próprio professor, que é especialmente um conhecedor de Si - aquele que possui estas virtudes é designado como um guru.


A sílaba gu escuridão. A sílaba ru significa o destruidor dessa escuridão. Por causa da capacidade de destruir as trevas, ele é chamado de guru.


O professor sozinho é o supremo Absoluto. O professor sozinho é o caminho supremo. O professor sozinho é o conhecimento supremo. O professor sozinho é a suprema estância.


O professor só é o limite supremo. O professor só é suprema riqueza. Porque ele é o professor da Realidade não-dual, ele é o mestre maior do que qualquer outro professor.


Ele faz com que as escrituras sejam recitadas, mesmo já estando liberado do triste ciclo de existência. Naquele instante o pecado cometido em todos os nascimentos desaparece. Ele obtém todos os desejos. Para tal yogi há consecução do objetivo final de toda a humanidade. Ele é quem conhece, verdadeiramente conhece a doutrina secreta.


O que é Yoga? “Yoga significa união”, escreveu Aleister Crowley anos atrás em suas lições sobre yoga. Que união é essa? Faze o que tu queres será o todo da Lei. Amor é a lei, amor sob vontade. Esse amor é união.

 

A criação é movimento. Cada ser, peça, pedaço, partícula que seja, tudo no universo se move constantemente. Como o fluir das ondas, a criação vem e vai, atraindo e se afastando. O amor é a força que move essa criação, desde a menor partícula do elétron atraído pelo próton. Olhando para as pequenas partículas, vemos átomos que buscam seu equilíbrio energético e se juntam com outros átomos e esses formam moléculas, que por sua vez se juntam a outras moléculas e assim sucessivamente.


Assim união está ligada tanto ao princípio da Yoga quanto Religião. O praticante da yoga, o yogi, busca a união com o Brahma – este mais do que um deus personificado, é a própria criação triforme em Brahma, Vishnu e Shiva. Aquele que segue esse caminho busca sua união com toda a criação e existência.


Não a toda disse o Buda que “Tudo é sofrimento” e a “causa do sofrimento é o desejo”. Amor é desejo. Quando mais se ama, mais se deseja se aprofundar no objeto amado. Quando esse objeto é a criação, o Brahman, mais se quer mergulhar e se perder em seu seio, como um louco apaixonado de desejo ou de amor.


Mas, o que isso tem a ver com o guru?


man-mana bhava mad-bhakto

mad-yaji mam namaskuru

mam evaisyasi satyam te

pratijane priyo 'si me


No Bhagavad Gita, Shri Shri Krishna diz: “Sempre pense em Mim e se torne Meu devoto. Adore a Mim e preste homenagens a Mim. Assim, você virá até mim sem falhar. Eu lhe prometo isso, pois você é Meu amigo mais próximo”. Quando Krishna comeu um punhado de terra. Sua mãe Yasoda ralhou com o jovem que negou a acusação. Yasoda decidiu conferir e olhou dentro de sua boca. Lá não havia terra, mas havia toda a criação. Foi esse mesmo Krishna, representação do todo da criação, que durante a batalha de Kurukshetra convidou Arjuna a mergulha em si.


Esse mergulho rumo a criação é a grande desafio de todo aquele que se propõe a dura tarefa de atravessar o abismo da criação, e enfrentar a criatura da dispersão. Através dessa união que o adepto caminha rumo à busca da consecução de sua grande obra.


om ajnana-timirandhasya jnananjana-salakaya

caksur unmilitam yena tasmai sri-gurave namah


“Nasci na escuridão da ignorância, e meu Guru iluminou-me com o archote do conhecimento. A ele eu ofereço as minhas mais humildes referências”. O guru é voz divina que conduz o praticante diligente rumo a seu objetivo de união. Ele é uma etapa no caminho para a consecução da verdadeira vontade.


Todo o ser humano nasce desprovido das ferramentas mais básicas, necessárias a sua sobrevivência. Através dos outros que o homem toma consciência de si e de seu corpo, e aprende a crescer e evoluir. Todos precisam de um professor, de uma voz que não siga seu caminho, mas que ajude na hora de escolher qual caminho seguir.


O sábio Swami Maheshwarananda disse que na vida encontramos seis tipos diferentes de gurus.


Os primeiros gurus que temos são os nossos pais. Não necessariamente nossos pais biológicos, mas os nossos pais de fato. Aqueles que cuidam de nós em nossos primeiros meses, nos dão carinho, comida e proteção que vão nos influenciar pelo resto de nossas vidas.


O segundo tipo de guru são os amigos e pessoas que conhecemos quando passamos a ter contato com seres de fora da alçada dos nossos pais. Nas crianças de hoje esse contato ocorre na escola, nas séries fundamentais, onde o ser passa a ter contato com as regras da sociedade.


O terceiro tipo de guro são os nossos professores da vida, desde o professor que lhe alfabetizou até aquele que você conheceu na faculdade, pois são eles que nos transmitem o conhecimento legado da humanidade.


O quarto tipo de guro são os sacerdotes, nossos professores espirituais que nos auxiliam em nossos primeiros passos, ou nos aspectos mais exotéricos de nossa vida espiritual. Seguido deles temos o quinto tipo de guro, que são os aqueles que nos auxiliam a buscar nosso Dharma, nosso dever espiritual. São aqueles que nos apontam os caminhos pelo qual nós podemos trabalhar nossa ligação divina.


O sexto tipo e mais importante, é o guro interno, que existe em cada um de nós. Esse guro é aquele que mais e melhor nos conhece, do que qualquer outro guro externo, e esse guro não é outro se não o próprio Sagrado Anjo Guardião. Por tal motivo, a obtenção da conversação com esse é parte da grande tarefa que o adepto deve empreender em sua vida.


Assim esqueça aquela imagem estereotipada dos filmes sobre o guro como um sábio todo poderoso divinatório espalhafatoso. O guru não é isso. O guro é são os professores que nos auxiliam em diversos estágios de nossa vida. Tal como passamos do ensino fundamental, médio, superior, mestrado, doutorado e sucessivamente, assim passamos com nossos professores. A cada nova etapa travamos contato com um novo professor, até atingirmos aquele que será o nosso professor ultimo.


Temo que nosso tempo esteja se esgotando. Espero ter sido capaz de mostrar a vocês de maneira breve qual o propósito e objetivo do guro em nossas vidas.


Faço votos para que possamos nos reencontrar em breve.


Amor é a lei, amor sob vontade.


Fraternalmente,


Frater Hanuman


Bibliografia geral

The Hidden Power in Humans – Chakras and Kundalini, por Swami Maheshwaranandaji;

Orasyon Meditation – A Warriors Path to Enlightenment, por Datu Shishir Inocalla.

Science of Self Realization, por Swami Prabuphada.

Eight Lessons of Yoga, por Aleister Crowley

O Baghavad Gita como Ele é, por Swami Prabuphada.

A Libertação da Mente Através do Tantra Yoga, por Shri Ananda Murti.

Curso Básico Sobre Filosofia Védia & Tantra, por Samyr Manoel de Vasconcellos.



Caminhos para Iniciação: As três escolas de Magick

Publicado originalmente na revista Estrela Rubi sob o pseudônimo Kin-Fo


Olá leitores!


Faze o que tu queres será o todo da Lei.


Como todos sabem, mensalmente a Loja Quetzacoatl organiza palestras abertas à convidados sobre temas relativos a magia, thelema e a própria Ordo Templi Orientis. No mês de outubro tivemos a oportunidade de conversar um pouco sobre as três escolas de magick, tomando como base três capítulos homônimos do livro livro Magick Without Tears, escrito por Aleister Crowley.


Hoje falaremos um pouco sobre o que foi conversado e debatido durante a apresentação. Para tal, precisamos começar elaborando uma boa definição sobre, o que é Magick? Para o nosso estudo de hoje, podemos definir Magick como sendo a ciência do Incomensurável. Essa não é a única das definições, embora seja uma das possíveis e que se adequa bem ao propósito do tema de hoje.


Magick tal como a ciência que pergunta e tenta entender o por quê das coisas, porém Magick é a ciência em estado de prototipal. Magick é estuda as ideias da existência em seu estado germinal. Magick é a mãe da ciência física, e diferete dela por não ser possível conhece-la sem experimenta-la – tal o motivo que os grandes iniciados se comprometeram mante-la em segredo durante gerações.


Durante a história, três grandes linhagens de pensamento mágico surgiram no seio da humanidade. Três métodos diferentes de abordar o estudo do universo. três grandes cosmovisões de mundo e maneira de conduzir a Iniciação ao oculto. Essas três linhagens são as três escolas que hoje falaremos, e que nas palavras de Crowley pode ser explicado como:


"Estas três Escolas representam três teorias perfeitamente distintas e contrarias do Universo, e, portanto, as praticas da ciência espiritual (...) A fórmula mágica de cada uma é tão precisa como um teorema de trigonometria. Cada uma assume como fundamental uma certa lei da Natureza, e o assunto é complicado pelo fato que cada Escola, em certo sentido, admite a formula das outros duas".


Para fins de estudo, podemos atribuir certas cores a cada uma dessas escolas, como uma maneira de classifica-las. Antes de falarmos sobre essas cores, precisamos ter em mente que não se trata de estigmatizar essa linhagem associando-a a questão de geografia, raça ou paramentos utilizados.


As três escolas de Magick são: a escola branca, a escola negra e a escola amarela. Dessas três escolas, é dito que enquanto a escola Negra e a escola Branca se mantém em permanente conflito, a escola amarela apresenta maior neutralidade entre ambas. Adiante falaremos um pouco mais sobre essas cores, de modo a entender o por quê deste conflito e afastamento.


Podemos encontrar referência direta as três escolas no livro Vision and the Voice. Para quem não conhece, este é um trabalho único, um relato transcrito por um dos alunos de Crowley durante um retiro na Argélia, quando eleexecutou a invocação dos Aethers Enoquianos. Foi durante a invocação do 6º Æthyr chamado Maz, que o vidente viu:


"E uma voz clama: Maldito seja aquele que desnudar o Altíssimo, pois ele embriagou-se do vinho que é o sangue dos adeptos. E BABALON o embalou em seu colo e no sono ela sumiu e deixou-o nu chamando o seu filho para junto dizendo: Me Acompanhe para zombarmos da nudez do Altíssimo.

E o primeiro dos adeptos cobriu Sua vergonha com um pano, caminhando para trás e era da cor branca. E o segundo dos adeptos cobriu Sua vergonha com um pano, caminhando lateralmente e era amarelo. E o terceiro dos adeptos zombou de Sua nudez, caminhando para frente e era negro. Essas são as três grandes escolas dos Magi que também são os três Magi que se dirigiram ao Local Sagrado e, por não possuir sabedoria, tu não saberás qual escola predomina, ou se as três escolas são uma."


Falaremos um pouco sobre a escola amarela de Magick. Essa se posiciona com completo distanciamento científico e filosófico da existência. Para os adeptos dessa corrente, o fato de que existe o Universo não passa de um mero fato, quase um acaso. A escola amarela busca influir o mínimo possível na existência, não se opondo a corrente dos fenômenos, nem com ódio nem simpatia.


Sua tentativa de influenciar o curso dos eventos é diminuir a fricção interna do ser com o mundo externo. A reação ideal para fenômenos é aquela da elasticidade perfeita. A escola amarela possui uma doutrina de reação elástica, de não interferência, se mantendo à parte de questões relativas as demais. Dificilmente se imagina seus membros preocupados com reações relativas o mundo.


Para a escola amarela, o universo é.


Um dos grandes representantes da escola amarela foi Pitágoras e sua irmandade. Já na literatura, essa escola produziu o Tao Teh King, cujos escritos falam em não-ação consciente, ou omissão consciente, com o objetivo de minimizar a desordem no mundo.


Antes de falarmos sobre a escola negra, atenção, não estamos falando aqui não está ligada à Magia Negra (magia é um assunto que, como veremos adiante, está ligado à Escola Branca). Diferente da escola amarela, que ignora o universo, a escola negra o despreza, considerando o universo corrompido, sujo.


Em textos antigos da escola negra, o universo é visto como um lugar corrompido, de sofrimento, que por sua vez está ligado a ideia de pecado. Assim a única salvação para o ser é sair do mundo, da existência.


Para a escola negra, o universo é mau.


Buscando uma maneira de amenizar o mau, os filósofos dessa escola começam a buscar a causa desse mau, pecado e sofrimento. Assim ocorre uma concatenação de ação e reação de modo a se chegar a origem desse mau, de modo que o resultado desse pensamento é que toda a ação per si é faz parte do mau, e que toda ação na criação é falha, fraca e limitada.


O clássico dessa escola são as quatro nobre verdades do budismo. As Quatro Nobres Verdades foram descritas no Dhammacakkapavattana Sutta, um dos textos mais antigos do budismo, sendo tema ensinamento do Buda e elemento comum entre todas as vertentes do budismo.


Durante sua vida, Buda sempre falou subre Dukkha, que é expressão para qualquer coisa que tire a paz e a felicidade de um indivíduo. Para o budismo A busca de um alívio é, em si mesma, dukkha, e o alívio que se tem é de curta duração. O hábito se torna um círculo vicioso com sofrimento mental levando ao sofrimento físico, e o sofrimento físico leva a mais angústia mental.


A objetivo final de Buda era chamado Nirvana, o estado onde causa e efeito deixam de existir, pois nquanto há causa, há efeito de modo que durante a existência a única coisa que se pode ter certeza é de que o dukkha, a cessação da felicidade, vai ocorrer pois ela é cíclica. Apenas cessando o ciclo de dukkha, se chega ao Nirvana.


Buda dizia que para cessar o ciclo e dukkah, era preciso encara-lo, e não fugir. Sati, a vigilância, era a arma do adepto para enfrentar o Dukkah e o resultado era o 

despertar para as coisas como elas são, para a realidade.


De maneira resumida, podemos explicar as quatro verdades como sendo:


1ª nobre verdade: o mundo é sofrimento.

2ª nobre verdade: a causa do sofrimento é o desejo.

3ª nobre verdade: o desejo nasce da não compreensão.

4ª nobre verdade: apenas o entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta e a concentração correta são capazes de cessar o sofrimento.


Outro exemplo da escola negra pode ser encontrado no Sarira Abidya Jal, ou a canção para honrar o alimento espíritual cantada pelos Vaishnavas antes de se alimentar, que diz:


“Ó irmãos! Este corpo material é um lugar de ignorância, e os sentidos são uma rede de caminhos que seguem em direção à morte. De alguma forma, caímos neste oceado de desfrute dos sentidos materiais, e de todos os sentidos a língua é muito voraz e incontrolável; é muito difícil conquistar a língua nesse mundo.”


Seguido a esse verso há outro em que o devoto agradece a Krishna por lhe entregar o alimento que o irá fortalecer, e ao final o devoto afirma: “Pessoas que não são muitíssimo elevadas em atividades piedosas não acreditam nos restos do alimento da Suprema Personalidade de Deus”.


Chegamos a escola branca de magick. Essa corrente adota uma postura diferente da escola negra, ao dizer que o universo não é mau, ao contrário, ele é bom, pois nele que se encontram todas as possibilidades de ação na existência que o indivíduo pode vir a ter.


Ao falar sobre a escola branca, Crowley escreveu: “Existência é pura alegria. Sofrimento é causado pela falha em perceber esse fato; mas por si não é uma infelicidade. Nós inventamos o sofrimento apenas para termos o prazer de nos livrarmos dele. A vida é em si um sacramento.”


A escola branca possui um caráter mágico. Sua origem se encontra desde as escolas de mistério de magia no antigo Egito, passando por diversos outros povos da antiguidade.


O Cristianismo nasceu da escola branca, com sua promessa de alegria para a humanidade:


Que diremos então? Devemos permanecer no pecado para que haja uma abundância da graça? De forma nenhuma! Uma vez que já morremos para o pecado, como poderíamos viver no pecado? (Romanos VI 1-2)


Com o passar dos séculos, a alegria da graça deu lugar ao sofrimento do pecado. A escola negra passou influenciar o cristianismo, de modo que o mau passou a ser mais falado que o bem. A idade média sobre exprimir a negação do corpo e da vida dentro da mística cristã.


Foram precisamos 1000 anos para que o cristianismo voltasse a se enxergar como uma vertente da escola branca, não da escola negra, e que seus elementos lutassem para recuperar sua identidade perdida. Foi assim que surgiram os Rosa Cruzes. Originalmente ligado à reforma da igreja cristã, eles buscaram ir além, retomando a magia através da alquimia para o espirito cristão.


Nunca na história ao Rosa Cruzes formaram um corpo coeso e organizado – por mais que alguns grupos hoje digam o contrário e clamem para si atestados sucessórios e títulos hereditários. A Rosa Cruz foi uma ideia, uma linha de pensamento, onde da cruz estéril de brota a rosa, ou seja, aeração da vida. A alquimia rosa cruz ocorre tomando como "matéria prima" uma substância neutra ou inerte (constantemente descrita como a coisa mais comum e menos valorizada da terra), que é envenenada, passando por uma fase de transmutação, onde se torna um veneno terrível, até chegar a ouro filosofal perfeito.


Crowley observou que a lógica de iniciação e transmutação rosa cruz possui correlação direta com a ciência e as operação na moderna bacteriologia, onde bacilos aparentemente inofensivos são cultivados até se tornarem mil vezes mais perigosos que antes, para a partir dai se criar a vacina.


Cientes de sua identidade, certos pensadores cristãos foram corajosos ao seu tempo de redigir trabalhos mostrando como um passo lógico considerar a maldade como um dispositivo de Deus para o exercício das alegrias do combate e vitória. Esse era um modo de pensar perfeitamente Branco, mas acabou considerado como uma perigosa heresia.


Durante os séculos da reforma protestante, outros pensadores deram o seu melhor para livrar o cristianismo da ideia restritiva do pecado, mas logo notaram que tal esforço só poderia levar ao Antinomianismo - uma corrente de pensamento considerada herética que afirmava que sob a dispensação do evangelho da graça, a lei moral era de nenhum uso ou obrigação, porque somente a fé é necessária para a salvação.


Anos se passaram e o místicos cristãos realizaram uma nova tentativa de libertar a cristandade da nuvem escura da iniquidade. Eles juntaram mãos pensamentos sufis e védicos, que acabou por os levar à mera negação da realidade da maldade. Isso os afastou pouco a pouco da clara compreensão da natureza, de modo que sua doutrina tornou-se puramente teórica.


O que vimos até agora segue o postulado de Crowley, de que as três escolas apresentam cosmovisões completas distintas entre si, porém formando um equilíbrio harmonioso, que permite que uma entenda a visão da outra. Esse equilíbrio porém se tornou ameaçado, a partir do momento em que um dos gradnes expoentes da escola branca passou a se fundir com a escola negra.


Assim foi a partir da escola amarela que começaram as primeiras tentativas de resgatar os valores distintos da escola branca e da escola negra em prol desse equilíbrio. A influência da cultura oriental na religiosidade ocidental durante o século XIX foi um meio para essa intervenção. A teosofia foi outro ponto importante dessa intervenção espiritual no ocidente.


A reestruturação das escolas não era um evento nem uma necessidade isolada, estando intimamente ligada ao alvorecer de uma nova época, o aeon de hórus, a criança conquistada e coroada. Esse aeon trouxe consigo um “profeta escolhido, armado com uma espada muito mais poderoso do que Excalibur. Esse profeta foi incumbido de uma nova fórmula mágica, uma que possa ser aceita por toda a raça humana”.


Foi esse profeta, o responsável por reforçar “a Escola Amarela, dando um valor mais positivo para a sua teoria”. Ao mesmo tempo, ele manteve os postulados da Escola Negra intactos, mas os ajudou a transcendê-los de modo a “aumentar a sua teoria e prática quase ao nível da Amarela”. Já com a escola Escola Branca, esse profeta foi capaz de “retirar-lhe toda a mancha do veneno da Negra, e restaurar o vigor de sua fórmula central de alquimia espiritual, dando a cada homem um ideal independente”.


O profeta do novo aeon trouxe ao mundo a lei de thelema. Uma lei simples, porém altamente significativa, que é resumida em: “Faze o que tu queres será o todo da Lei”.


Todos já assistiram, ou pelo menos sabem o que é uma missa. Durante séculos a Missa nas Igrejas serviu apenas como palco para castração moral e manipulação dos indivíduos ante doutores da religião.


O Livro da Lei, pedra fundamental de Thelema e do Novo Aeon, possui instruções específicas contra a sua discursão. Assim uma nova Missa de surgir, visando recuperar o seu caráter mágico em consonância com o espírito dos novos tempos, tal como temos hoje o Liber XV, a Missa Gnóstica. A Missa em si é essencialmente um ritual típico da Escola Branca. Seu objetivo é transformar a matéria crua diretamente na Divindade – A Eucaristia. Esse ritual do Liber XV é executado periodicamente pela Loja Quetzacoatl.


A Lei de Thelema trás liberdade, mas com ela obrigações. Já não há mais uma figura paterna no lugar de Deus a quem culpar. Isso fez com que algumas pessoas assumissem que a lei de Thelema era restrita a uma certa “elite intelectual da humanidade”. Existe certa dose de verdade nessa afirmação. De fato, aquele que conhece a Lei de Thelema e a estuda diligentemente poderá tirar vantagem da extraordinária oportunidade que ela oferece. Porém é não se pode esquecer que ao mesmo tempo, “a Lei é para todos” - Cada um no seu grau. Cada homem pode aprender a perceber sua natureza em seu próprio ser, e desenvolver-se em liberdade.


É por este meio de Thelema que a Escola Branca de Magick pode justificar o seu passado, remir o seu presente, e assegurar o seu futuro, garantindo a cada ser humano uma vida de Liberdade e de Amor.


A lei de thelema trouxe uma nova face à Escola Branca, mas também foi capaz de concilicar, pela primeira vez na história da humanidade, as três grandes escolas de magick, de modo que cada uma possa desenvolver suas próprias qualidades, sem interferir umas as outras.


No Liber XV, na 5ª coleta feita pelo diácono, chama pela essência de personagens como Simão o Mago, Lao–Tse, Siddartha, Basilides, Pitágoras, Moisés, Maomé entre outros, cujo pensamentos são pertencentes a outras escolas de pensamento, que não a Branca. Ainda na Missa, o diácono clama pela liberdade na pós vida, dizendo na 11ª coleta:


Que possa ser garantido o cumprimento de suas verdadeiras Vontades para aqueles de cujos olhos o véu da vida caiu; quer isto seja a absorção no Infinito ou a união com seus escolhidos e preferidos, ou permanecer em contemplação, ou estar em paz, ou alcançar o trabalho e heroísmo da encarnação neste planeta ou em outro, ou em qualquer Estrela, ou outro lugar, que lhes seja garantida a realização das suas Vontades; sim, a realização das suas Vontades.


Para Thelema todo fenômeno é um ato de amor, toda experiência é necessária, é um sacramento, um meio de crescimento. Thelema é a nova face da Escola Branca.


Espero que esse texto seja de bom proveito para todos vocês. Aguardamos todos vocês nas próximas palestras e eventos da Loja Quetzacoatl.


Amor é a lei, amor sob vontade.



Os Degraus da Iniciação passando do Velho ao Novo Aeon


Publicado originalmente na revista Estrela Rubi sob o pseudônimo Kin-Fo


Faze o que tu queres será o todo da Lei.


Está escrito no site da representação brasileira da Ordo Templi Orientis:

“A Ordo Templi Orientis — Ordem do Templo do Leste, ou ainda Ordem dos Templários Orientais –, ou simplesmente O.T.O., é uma Ordem voltada ao engrandecimento do Ser Humano e à consagração de sua Liberdade, através do seu avanço em Luz, Sabedoria, Entendimento, Conhecimento e Poder. A O.T.O. trabalha dentro dos princípios da Lei de Thelema, como consta na revelação do Liber AL vel Legis (O Livro da Lei), a fim de fundar as bases de uma Irmandade Universal por meio da Beleza, Coragem e Inteligência”.

A Ordo Templi Orientis foi fundada no início do século XX na Alemanha. Ela foi a primeira das grandes ordens do antigo Aeon a aceitar a Lei de Thelema, promulgada através do Liber AL Vel Legis, ou o Livro da Lei.

É aceito que Mentor espiritual da sua fundação foi Karl Kellner, um rico industrial austríaco da indústria química. Kellner foi maçom, rosacruz e estudante do Misticismo, em geral Oriental. Viajou extensamente pela Europa, América e Ásia Menor. Durante suas viagens, ele alegou ter entrado em contato com três Adeptos (um Sufi, Soliman ben Aifa, e dois Tantristas hindus, Bhima Sena Pratapa de Lahore e Sri Mahatma Agamya Paramahamsa), e uma organização chamada A Irmandade Hermética da Luz. Esses encontros teriam fornecido a Kellner a “chave” para compreender os segredos contidos nos graus maçônicos.

Porém, o certo é que a Ordo Templi Orientis foi fundada por Theodor Reuss. Reuss foi canto lírico, jornalista, ocultista tântrico e divulgador de ideias feministas no final do século XIX e início do século XX. Ele nasceu em 1855 e trabalhou com nomes como Richard Wagner, que conheceu em 1873. Ele tomou parte na primeira apresentação em Parsifal em 1882.

Reuss foi iniciado na maçonaria regular na Loja Maçônica Peregrino, onde galgou os graus de aprendiz, companheiro e mestre. Com o tempo buscou raízes mais místicas na maçonaria, se tornando uma figura conhecida da maçonaria europeia. Foi responsável tanto pela abertura de lojas do Rito de Swedenborg na Alemanha quanto pela pela criação do primeiro capítulo da Societas Rosacruciana in Anglia nesse país.

Outro personagem de destaque na história da O.T.O foi John Yarker. Nascido em 1833, Yarker foi um dos grandes nomes e estudiosos da franco-maçonaria. Iniciado nessa instituição aos 21 anos na Loja Integridade nº 189 em Manchester, se tornou Mestre Maçom no começo de 1855. Durante esse período, trabalhou ativamente nos altos graus, buscando conciliar o conhecimento científico de história e filosofia com o conhecimento maçônico. Foi um dos responsáveis pela reativação do rito de Memphis Misraim na Europa e do Antigo e Primitivo Rito da Maçonaria na Inglaterra, sob a organização americana de Harry Seymour.

Foi através de Yarker que Kellner e Reuss se conheceram. Kellner expôs seu pensamento a respeito da chave para interpretação do conhecimento maçônico do ponto de vista da yoga e da magia sexual. Reuss, enquanto portador das mais altas patentes dos ritos maçônicos de Swedenborg, Escocês Antigo e Aceito, de Memphis e de Mirzraim, começou a estudar o dito segredo dos ritos maçônicos sob esse prisma, a ponto de chegar a conclusão que seria preciso constituir uma nova instituição que permitisse seu estudo, disseminação e evolução. Assim, surgiu a ideia de uma academia maçônica, que viria a se chamar Ordo Templi Orientis.

Vemos que o passado da Ordem se encontra intimamente ligado à Maçonaria, portanto, para que possamos conhecer bem sua história e qual a sua forma de iniciação, precisamos nos aprofundar no que é a Maçonaria.

Para tal, precisamos voltar à Grã Bretanha, mais precisamente ao século X. Nessa época, a ilha se encontrava dividida em diversos reinos. Nessa época o Rei Athelstan, concedeu ao seu filho bastardo Edwin a liderança da guilda de pedreiros locais. Nessa época as Guildas eram instituições poderosas. Na Idade Média, o conhecimento valia muito, e garantir o segredo desse conhecimento era garantir a refeição na mesa.

Nas feiras medievais, era comum que as Guildas arrebatassem novos pupilos e demonstrassem seu poder através dos Mistery Plays, encenações de passagens e histórias religiosas que tivessem alguma relação com o ofício da Guilda. Assim, era comum aos pedreiros dessa época encenar passagens relativas à construção do templo de Salomão, de modo a clamar para si ancestralidade.

Avançando alguns séculos à frente, temos em 1603 a Inglaterra já formada como reino, porém com uma rainha moribunda em seu comando. Nesse ano, Elisabete I falece e deixa como herdeiro do trono inglês James IV, filho de Mary Stuart, rainha da Escócia.

James IV foi primeiro rei de uma dinastia inglesa, mas de origem escocesa dos Stuarts. A dinastia escocesa teria seus altos e baixos, com dois reis (Charles I e James III) sendo exilados na França, e o próprio James IV e Charles II que promovem a reforma de Londres (onde as construções de alvenaria fazem com que a guilda de pedreiros e construtores ganhe mais destaque na sociedade), a criação da Royal Society (academia que abraçaria importantes nomes como o de Sir Isaac Newton) e a criação da tradução oficial da bíblia que perdura até os dias atuais, a King James Bible.

O final da dinastia escocesa dos Stuarts aconteceu com o governo Rainha Ana, que no século XVIII uniu as coroas da Escócia e da Inglaterra formando o Reino Unido, mas que veio a falecer sem deixar herdeiros. Buscando fugir dos descentes exilados na França, partidários ao absolutismo e ao catolicismo, o parlamento opta por entregar o trono, George Louis, Duque de Brunswick-Lüneburg e bisneto de William I, neto de James IV, que inicia a dinastia dos Hanover.

Muitos fatos fizeram com que o Rei George fosse impopular, como por exemplo, o fato de que durante sua vida o monarca não buscou sequer aprender como falar inglês. Além disso, a corrupção da dinastia estrangeira atingia todos os níveis do governo. O risco de golpe conta a coroa era constante, assim, grupos como as guildas de construtores, favoráveis à dinastia dos Stuart, eram vistas com maus olhos pela coroa.

Essas guildas se reunião em Lodges – local de descanso, normalmente o barracão ao lado das construções que serviam para o armazenamento de ferramentas, planos, etc. Suas reuniões sociais, tanto de lazer e planejamento, ocorriam a portas fechadas Coffee Shops, os cafés locais. Interessante notar que a corruptea “Loja” em português surge a partir do termo Lodge. Em uma época antes da internet, os cafés eram o local preferido para os viajantes trocarem informação. Partidários dos Stuarts no exílio buscavam informação sobre os Hannover através das Cofee Shops. Assim, era natural que a monarquia temesse esses encontros a portas trancadas.

Assim, buscando controlar esses encontros, a coroa promoveu sua unificação sob as asas da primeira Grande Loja de Londres, nascida em 24 de junho de 1717, tendo aristocratas ligados à construção a sua frente. Essa Grande Loja clamou para si o controle universal da maçonaria em seus três graus: aprendiz, companheiro e mestre e buscou aprovação das demais lojas sob a motivação de manter protegidos os segredos referentes os construtores.

O segredo não durou muito tempo. Em 1730 um homem chamado Samuel Prichard publica “Maçonaria Dissecada”, o que provocou uma resposta rápida da Grande Loja de Londres, que alterou todos os graus e seus segredos envolvidos, gerando problemas com construtores de outras partes da Grã Bretanha, que se viram como “irregulares” da noite para o dia. Esses formaram então a chamada “Grande Loja dos Antigos”, iniciando uma disputa que duraria até o século XIX, quando o Duque de Sussex conseguiu reunificar a estrutura maçônica inglesa, formando assim a Grande Loja Unida da Inglaterra, que clamou para si a soberania da Antiga e Pura Maçonaria. Essa Antiga e Pura Maçonaria consistiria de apenas três graus, a saber: o Aprendiz, Companheiro e Mestre, incluindo a Suprema Ordem do Sagrado Real Arco.

Enquanto na Inglaterra os Modernos e os Franceses brigavam, na França a maçonaria era uma novidade trazida pelos Stuarts em seu exílio. Sendo uma dinastia de origem escocesa, não demorou para que o termo escocês se tornasse sinônimo de maçonaria naquele país.

Um dos nomes mais importantes da maçonaria francesa foi André Miguel Ramsay. Escocês calvinista, Ramsay acompanhou os Stuarts em seu exílio e se converteu ao catolicismo. Foi preceptor dos filhos do Duque de Bouillon, que por sua vez era descendente direto de Godofredo, líder da cruzada de 1099 que tomou Jerusalém, cujo irmão foi Balduíno I, primeiro rei cristão de Jerusalém. Foi ele que deu aos Templários o Templo de Salomão. Assim, buscando apreço de seu patrocinador, Ramsay passou a divulgar as supostas ligações históricas entre a Ordem do Templo e a Maçonaria Escocesa.

Templários, lendas do oriente e conspirações em prol da dinastia exilada. Essa combinação de fatores fez com que várias ramificações surgissem na maçonaria continental. Na cidade de Lion surgiu o grau Kadosh, dos comprometidos com a causa do monarca exilado. Nessa mesma época, um Barão chamado Von Hund criou a Ordem de Estrita Observância Templária, obedientes a um Superior Desconhecido, na verdade o Conde de Eglinton, nobre fiel à causa dos Stuarts exilados. O capítulo de Clermont, criado pelo Conde Luís de Bourbon, seguiu o mesmo princípio.

Outros graus maçônicos nasceram na França e se espalharam rapidamente pela Europa. Influenciados por causas políticas ligadas aos Stuarts, esses graus acabaram abraçados por pessoas completamente alheias à política inglesa, e com isso o conhecimento passou a ser associado cada vez mais a assuntos místicos e esotéricos. Os construtores e pedreiros das guildas tradicionais, já não eram maioria, principalmente pelos efeitos sociais da revolução industrial.

Buscando uma estruturação dos graus continentais surgiu o Conselho dos Imperadores do Ocidente e do Oriente, unindo maçons franceses e alemães, que ordenou graus do 4º ao 22º, criando o chamado Rito de Heredom. Nessa mesma época, um comerciante chamado Étienne Morin recebeu uma carta patente desse conselho para a criação de corpos locais do Rito de Perfeição na América. Morin passou pela Jamaica e por Santo Domingo (Haiti) onde fundou corpos locais, para em seguida ir aos Estados Unidos, fundar loja e distribuir cartas patentes. Na ocasião Morin teve a oportunidade de realizar pequenas modificações nos rituais existentes, aumentando o rito para 25º.

A maçonaria americana possuía uma história curiosa. Lá, a maçonaria chegou pelas mãos de soldados irlandeses e escoceses, com costumes próprios da Grande Loja dos Antigos. As tradições desses imigrantes foram agrupadas e ordenadas por escritores como William Prestom, Thomas Smith Webb e Malcom Ducan. Assim, o que na Inglaterra foi visto como um perigo ao segredo, nos Estados Unidos foi tido como normal, que o rito tivesse autor e copyright.

Os americanos trabalhavam com um sistema derivado dos costumes antigos, que contemplava: 3 graus simbólicos (aprendiz, companheiro e mestre) e 4 graus capitulares (mestre de marca, past máster, mui excelente mestre e maçom do real arco). Os ritos que Morin traziam eram uma novidade, e acabaram sendo bem aceitos, principalmente nos estados sulistas.

O Rito de Morin seria posteriormente modificado por seus iniciados, mas com algumas incoerências. De modo a resolver essas questões, em 31 de maio de 1801 um grupo de maçons, possuidores de graus do rito se reuniram em Charleston, na Carolina do Sul, para realizar uma grande reestruturação, dando origem assim ao famoso Rito Escocês Antigo e Aceito, com seus 33 graus.

A rivalidade entre os estados fez com que nessa ocasião fosse acordada a existência de dois supremos conselhos, um para o norte e outro para o sul, porém ambos reconhecendo o conselho de Charleston (Sul) como o Primaz. Nesse momento entrou em cena um homem chamado Joseph Cerneau. Natural da França, Cernau recebeu carta patente para o estabelecimento de corpos dos altos graus do rito de Morin. Tendo imigrado para os EUA no começo do século XIX, tomou a liberdade de efetuar modificações semelhantes ao do conselho de Charlestone, estabelecendo um supremo conselho da tradição escocesa em Nova York - na ocasião os ânimos entre o estado nortistas e os sulistas não era dos melhores, assim um conselho alternativo era bem visto pelos ianques.

Durante e após a Guerra Civil americana disputas políticas entre os Conselhos do REAA do Norte e do Sul fizeram com que o Conselho de Cerneau fosse reconhecido e não reconhecido diversas vezes durante o século XIX.

 Outro Rito bem polêmico na história da maçonaria foi o Rito de Memphis e Misraim. Com influências egípcias, esse rito foi criado na França, mas só foi formalizado nos Estados Unidos. Sua origem se encontra na união de dois ritos distintos: O Rito de Memphis e o Rito de Misraim.

Misraim vem do hebraico “Mizrahi” que serve para designar algo judeu de origem egípcia, babilônica ou persa. O rito doi criado pelo Conde Cagliostro, médico, alquimista e estudante de ocultismo. Cagliostro viajou por toda sua vida pela Europa e pelo Oriente Médio. Envolveu-se em diversos escândalos de roubos que o fez migrar diversas vezes pela Europa. Foi membro da corte de Luís XVI, de onde fugiu antes da Revolução Francesa, mas acabou morto pela Inquisição em 1791.

O Rito de Misraim possuia 90º, que eram divididos em séries de graus simbólicos (1º ao 33º), graus filosóficos (34º ao 66º), graus místicos (67º ao 77º) e graus cabalistas (78º ao 90º). 

Nascido na França, em meio a “Egiptomania” pós Revolução Francesa, o Rito de Memphis foi fundado por oficiais que acompanharam as primeiras expedições Francesas ao Egito. Rumores diziam que o próprio Napoleão Bonaparte teria sido iniciado nesse rito, durante sua expedição ao Egito. O Rito de Memphis teve sua primeira assembleia geral em 25 de setembro de 1838.

Nos Estados Unidos um homem chamado Harry J. Seymour entrou em cena para ajudar na estruturação de ambos os ritos. Ator, 33º pelo rito de Cerneau, foi mestre do Rito de Memphis naquele país. Seymour viajou para Europa em 1862 onde buscou novo reconhecimento dos Ritos, junto ao Grande Oriente de França e ao Consistório do REAA. Nessa mesma época ele recebeu críticas de Albert Pyke de que o rito não poderia ter mais de 33 graus. Assim nasceu o Antigo e Primitivo Rito da Maçonaria, juntando todos os mais de 90 graus do Rito de Memphis em apenas 33 graus, divididos em: graus simbólicos (1 ao 3), capítulo rosa cruz (4 ao 11), senado e filósofos herméticos (12 as 20), grande conselho (21 ao 30) e oficial (31 ao 33).

A união do rito de Memphis com Misraim por sua vez viria ocorrer com Giuseppe Garibaldi. Militar, responsável pela Unificação Italiana e presente entre os Farroupilhas no Brasil, ocultista e maçom, Garibaldi buscou a união entre os Ritos de Memphis e Misraim em 1881, tomando para si o cargo de Grande Hierofante. Com a sua morte, o Soberano Santuário do rito de Memphis e Misraim passou as mãos do professor Ferdinando Francesco Degli Oddi, que por sua vez passou a patente a John Yarker, como Soberano Grande Comendador do Rito de Memphis e Misraim para o Reino Unido.

O Rito de Swedenborg por sua vez foi o menos expressivo dos colhidos na fundação da Ordo Templi Orientis. Ele não foi criado pelo poeta sueco Emanuel Swedenborg, ao contrário foi criado na França no século XVIII pelo ex-beneditino Antoine-Joseph Pernety, mas tinha como base o catolicismo e o misticismo do poeta sueco, logo uma resposta ao misticismo na maçonaria. Ganhou alguns adeptos, mas foi pouco praticado, servindo mais de material de estudo devido a inspiração se encontra no Velho Testamento, com o maçom vivendo a queda do homem rumo à encarnação e sua posterior volta à Divindade.

Assim, vemos como uma associação informal nascida na Idade Média com um rito ecumênico cristão avança pelos séculos, se tornando, ao mesmo tempo, lugar social para o encontro de pensadores, revolucionários, políticos, místicos e filósofos. O passar dos séculos, a pluralidade de pensamento e as diferentes correntes internas, fizeram com que a maçonaria se tornasse um misto onde a diferenciação entre esotérico e exotérico, profano e sagrado, se tornava confusa e complicada. Os segredos pertencentes a cada um dos graus e ritos corriam constantemente o risco de serem perdidos, em prol da vontade individual de alguns personagens, sem que fosse corretamente compreendido e assimilado.

Os diferentes ritos maçônicos, apesar de ricos em simbolismo, possuíam ainda uma lacuna a ser preenchida, que era a falta do meio congregacional, do sacerdócio e da eucarística. Ecumênica e refém dos interesses políticos, a maçonaria fora incapaz de assumir, criar e manter um corpo religioso dentro da sua estrutura. Durante os séculos, a maçonaria se viu em uma relação de amor e ódio com a igreja. Com a O.T.O, enquanto Academia Maçônica, seria diferente, mas para isso seria preciso trazer a igreja para dentro da estrutura da O.T.O.

Reuss sabia que a ideia de religião e igreja no sentido católico romano é incompatível com os ideais iniciáticos. Assim, Reuss buscou na tradição gnóstica a linha religiosa para a O.T.O. É certo que o ocidente conheceu uma série de ramificações do gnosticismo. Embora o termo seja genérico para tradições distintas, podemos encontrar dentro do gnosticismo cristão os seguintes princípios: Cristo como homem que alcançou estado de elevação, Existência de um Deus maior, e de um Deus menor criador do mundo – Demiurgo e Desvalorização da matéria ante o espírito.

Foi do médico e ocultista Gérard Encausse, conhecido como Papus, que Reuss recebeu a patente como bispo e, formou a Ecclesia Gnostica Catholica, que foi incorporada a O.T.O. Infelizmente durante seu controle como OHO a EGC teve um trabalho efêmero, sendo melhor aproveitada no futuro.

Vamos agora falar um pouco da relação entre Aleister Crowley e a Maçonaria. Edward Alexander Crowley foi iniciado na Loja Anglo-Saxã nº343 na França em 8 de outubro de 1904, passado a companheiro em novembro e elevado em 17 de dezembro de 1904. Durante uma viagem ao Máximo Crowley recebeu o grau 33º do Rito Escocês através de um maçom chamado Don Medina De Jesus, líder de um pequeno Supremo Conselho do Grau 33.

Muito se questionou sobre a regularidade das desse Supremo Conselho no México. É possível tanto que Crowley tenha mentido sobre a sua existência e iniciação, quanto é possível que se trate de um minúsculo corpo irregular, como tantos outros surgidos após Morin.

A relação de Crowley com a O.T.O por sua vez começou com o famoso julgamento do processo movido por McGregor Matters contra a publicação dos Rituais Internos da Golden Dawn na revista The Equinox. O processo terminou com a vitória de Crowley, pois, no entendimento do juiz, McGregor havia recebido a informação sobre a publicação com meses de antecedência, optando por contestar apenas quando os volumes já estavam impressos, o que geraria prejuízo para o Editor.

Na época, a batalha acabou bem documentada pelos jornais e tabloides ingleses. Ao final, Crowley se tornou figura pública conhecida, e se aproveitou para se aproximar de outros grupos, que o congratulavam pela vitória sobre McGregor. Foi nessa ocasião que Crowley conheceu John Yarker, que em 29 de Novembro de 1910 reconheceu o 33º que ele recebeu no México, e lhe outorgou o mesmo grau pelo Conselho de Cerneau, além do 95º de Memphis e o 90º de Misraim.

Membro da SRIA, da Quorum Coronati, e mestre de diversos Ritos, Regulares e não regulares, Yarker era uma figura conhecida da maçonaria inglesa. Graças ao apoio de Yarker que Crowley conseguiu entrada e crédito nos meios maçônicos.

As histórias dizem que o primeiro encontro entre Reuss e Crowley aconteceu em 1912, após o Julgamento, quando Reuss foi até a casa de Crowley e o acusou de ter publicado o segredo do IXº da sua Academia Maçônica. Crowley desmentiu (havia acabado de se livrar do julgamento contra McGregor e não pretendia ingressar em outro em seguida). Reuss então lhe mostou o Book of Lies, onde em um determinado capítulo estava o dito segredo. Após conversa Reuss convenceu Crowley que ele deveria realizar os juramentos apropriados. Dessa maneira, Crowley recebeu novamente o 33º do REAA e o VIIº da O.T.O.

Apesar de Crowley haver registrado em suas memórias o episódio dessa maneira, o mais provável é que o encontro de Reuss com Crowley tenha ocorrido através de contatos via Yarker, e motivados pela vontade de Crowley em se filiar a um grupo de histórico maçônico, mas sem se prender às correntes da maçonaria inglesa.

Assim, Crowley passou então a operar uma seção da O.T.O no Reino Unido, chamada M.M.M ou Mysteria Mystica Maxima, responsável pelas iniciações até o VIIº. Recebendo o título administrativo de Xº, Rei da Inglaterra de Irlanda para O.T.O, Crowley adotou o moto de Baphomet. Nessa ocasião a revista The Equinox se tornou um veículo da comunicação da O.T.O e da A.’.A.’.

Embora Reuss tenha reunido as patentes necessárias para a criação da O.T.O, faltou a ele habilidade para estruturar esse conhecimento em graus coerentes.

Até então a estrutura existente era do Iº ao VIIº se caracterizando pelo “conhecimento equivalente” ao grau 33º dos REAA, VIII e IXº referentes aos segredos da chave para compreensão desse conhecimento através da magia sexual e Xº para designar os reis e o OHO da ordem.

John Yarker faleceu em 20 de Março de 1913, deixando vagos os cargos administrativos dos ritos que comandava. Nos meses seguintes diversas disputas surgiram para definir os novos soberanos. Após alguma disputa, Crowley desistiu de lutar pelo espólio de Yarker e optou por fortalecer a O.T.O.

Em Junho de 1913 Crowley escreveu nova petição a GLUI para tratar sobre reconhecimento. Não há registros na GLUI sobre a resposta que teria sido enviada, que provavelmente deve ter sido nenhuma.

A motivação de Crowley provavelmente se devia ao desejo de possuir igual patente e reconhecimento de Reuss e Yarker. Já na época, a O.T.O. defendia não infringir qualquer princípio de outro corpo maçônico, embora alegasse possuir a palavra perdida do 3º grau e a correta pronúncia da palavra do Arco Real.

Durante a 1ª Guerra Mundial, Crowley viajou para os Estados Unidos. A despeito de outros fatos de seu período em solo americano, Crowley travou contato com diversos membros importantes da maçonaria americana. Lá ele tentou tanto o seu reconhecimento ante a Maçonaria regular, como da Ordo Templi Orientis.

Cartas trocadas entre ele, Charles Stansfeld Jones e Arnold Krumm Heller mostram que o discurso de que a O.T.O. não violava os direitos dos corpos maçônicos regulares, mas que ao mesmo tempo outorgava graus maçônicos não estava funcionando. Era preciso reformular os graus e afastar mais dos graus maçônicos tradicionais. Assim, ainda nos Estados Unidos, Crowley começou a reescrever os graus da O.T.O.

Crowley retornou a Europa em 1921, sem conseguir reconhecimento nem nos Estados Unidos nem na Inglaterra, Interessante notar que em 1964, a Loja Anglo Saxã onde Crowley foi iniciado se juntou a Grande Loja Nacional Francesa, que por sua vez era reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra. Assim, após sua morte, Crowley conseguiu enfim seu reconhecimento.

A Maçonaria usa a fórmula do Velho Aeon e uma das maneiras de traduzir a fórmula do Aeon é através do seu maçônico tradicional composto de uma sala retangular, onde a parede oposta à porta de entrada é identificada como leste, aquela junto a entrada de oeste e o lado direito como sul. Os quatro quadrantes, sendo ao leste o acento do presidente da loja (o Venerável Mestre) que abre os trabalhos; ao oeste o acento do vice-presidente (vigilante sênior) que fecha os trabalhos; ao sul, ou meio dia, o acento do vice-presidente adjunto (vigilante júnior) que conduz os trabalhos de recreação. Não há oficial ao norte, à meia noite, pois ali o Sol se acha morto.

O sol “morre” durante a noite? Não. O tempo passou e o nosso entendimento evoluiu, tal como Frater Achad descreveu em “Stepping Out of the Old Æon Into the New”:

“Vocês devem saber o quão profundamente nós fomos impressionados pelas ideias do Nascer e do Pôr do Sol; e como nossos irmãos de eras passadas, vendo o Sol desaparecer à noite e surgir novamente de manhã, basearam todas as suas ideias religiosas nesta concepção única de um Deus Morto e Ressuscitado.

Esta era a ideia central de religião no Velho Aeon; mas nós a deixamos para trás, porque apesar dela aparentemente estar baseada na Natureza (e os símbolos da Natureza são sempre verdadeiros), nós já ampliamos essa ideia, que é apenas aparentemente verdadeira na Natureza. Desde a época, quando esse Ritual de Sacrifício e Morte foi concebido e declarado, até então, nossos cientistas através da observação, vieram a descobrir que não era o Sol que se ergue e se põe, mas é a Terra onde nós vivemos que gira de tal forma que sua sombra nos separa da luz solar durante aquilo que nós chamamos a noite. O Sol não morre, como pensavam os antigos; Ele está sempre brilhando, sempre irradiando a Luz e Vida. Pare por um momento e pense o seguinte sobre o Sol, como Ele está brilhando de manhã, brilhando ao meio-dia, brilhando de tarde e brilhando de noite. Você tem essa ideia clara em sua mente? Você passou do velho Aeon para o Novo.”

Sobre os graus, todo maçom era “iniciado” no grau de aprendiz registrado. Nele, o homem morre para o mundo profano e inicia sua jornada em busca da luz do conhecimento dentro da ordem. É o grau da Pedra Bruta, tal como encontrada na natureza. Em seguida o maçom era “passado” ao grau de companheiro de ofício, onde ele atinge a maturidade para consigo e sua responsabilidade para com o próximo. É o grau da Pedra Polida, que ainda demanda acertos em sua aresta.

O culminar se encontra no 3º grau, o grau de Mestre Maçom. Nesse grau o maçom vive o drama de Hiram Abiff, arquiteto do templo de Salomão, que durante os trabalhos no templo é cercado por três companheiros insatisfeitos que clamam por promoção. Sem se render as ameaças, Hiram é morto e seu corpo enterrado às pressas. Salomão ordena a busca ao corpo, que é encontrado e elevado da cova provisória, para ser enterrado com as devidas honras ao mesmo tempo em que os assassinos são capturados e mortos.

Ter seu corpo morto, elevado, faz com que o maçom experimente o tema central da missa cristã, que é a morte do próprio Cristo. A lenda do 3º grau possibilita o indivíduo reconhecer em si seu próprio Cristo, e por tal motivo a Maçonaria foi tão contestada pela igreja católica em diferentes épocas de sua história.

Porém tal como o sol não morre ao entardecer, o indivíduo não se desfaz com a morte. O que existe além? O Novo Aeon trouxe consigo a visão de que o homem não é apenas o seu corpo, a carcaça que nasce, cresce e um dia morre, apodrece e acaba – tal como o sol, o indivíduo continua a brilhar durante a sua noite.

Assim Crowley considerava os rituais maçônicos tradicionais áridos, tal como o deserto do Saara. Alguns motivos colaboravam para isso:

As informações passadas em um determinado grau normalmente eram incompletas, e em alguns casos falhas. Assim o candidato era mantido na ignorância até receber o conhecimento graus depois.

Algumas informações pertencentes nos rituais eram de uma época onde o conhecimento da ciência e do mundo ainda era limitado. Assim como no grau de Cavaleiro Rosa Cruz do Rito Escocês Antigo e Aceito, que boa parte do Rito era dedicado a ensinar ao candidato que existem outras religiões no mundo.

A falta de conhecimento da língua hebraica fazia com que traduções em cima de traduções se sucedessem, de modo que o conhecimento no ritual se perdia, formando palavras sem qualquer sentido ou significado.

Outras questões institucionais chamavam a atenção de Crowley, como a falta de transparência existente para que um rito ou corpo maçônico fosse considerado regular ou irregular e a constante necessidade da Maçonaria se provar para a sociedade, se abrindo de maneira irrestrita seu mistério e perdendo o pouco significado místico que possuía, cujo o único resultado era a falta de relevância social e cultural que a Maçonaria perdia.

Assim, ao elaborar os novos rituais para os graus da Ordo Templi Orientis tomou como base os seguintes princípios:

Retirar as semelhanças com o simbolismo maçônico.

Aumentar a dramaticidade dos rituais.

Eliminar os elementos exotéricos, ou do senso comum, dos rituais.

Reduzir os graus a um sistema compacto e coerente.

Adaptar a estrutura aos princípios do novo Aeon e da Lei de Thelema.

Em carta dirigia a Arnold Krumm-Heller, ocultista alemão e iniciado na O.T.O, Crowley escreveu que:

“Devo fazer aqui uma pausa para apontar uma mudança essencial e fundamental que é necessária em qualquer ritual com o qual eu tenha algo a fazer que é a completa renúncia ao culto dos Deuses–Escravagistas. É impossível para um homem livre conhecer qualquer sistema que está ligado aos fetiches de selvagens cujo único motivo para ação é o medo nascido de sua própria ignorância.”

Assim surgiu a atual estrutura da Ordo Templi Orientis, dividida em apenas três graus, ou séries, a saber: o eremita, os amantes e o homem da terra. Essa divisão é compatível com dizeres presentes no Liber AL Vel Legis, pedra fundamental do Novo Aeon. Cada um desses graus por sua vez se encontra dividido em uma série de graus.

Tal como na primeira estrutura elaborada por Reuss, o grande segredo da ordem se encontra no IXº, presente na série do Eremita. Crowley, porém, estruturou esse segredo de maneira que ele estivesse presente na Missa Gnóstica, o ritual central público e privado da Ecclesia Gnostica Catholica. Esse segredo também se encontra presente em toda a série de graus e degraus da ordem, mudando apenas a maneira de abordar o assunto.

Crowley tinha a Missa Gnóstica tamanha estima que em carta direcionada a Germer em 1942 ele descreveu que:

“A base geral de associações públicas é a Missa Gnóstica. Eu espero, depois de morrer, tê–la alçado “en grand tenue” por artistas treinados, para assim haver um “padrão selado” para referência futura. Os outros rituais terão de acompanhar o melhor que puderem. Tenho dúvidas se um dia vai retornar o tempo em que haverá tanto necessidade de usar tais métodos, como lazer em cultivá–los. É claro, os segredos menores em tais ritos têm seu valor mágico especial, e assim eles sempre terão um certo uso para certos tipos de mentes.”

Vamos começar falando sobre a série do O Homem da Terra, que se encontra divido em: Minerval, Homem Irmão/Mulher Irmã, Magista, Mestre Magista, Perfeito Magista e Perfeito Iniciado. O objetivo desses graus é mostrar o universo e as relações da vida humana, assim como instruir todos os homens sobre melhor forma de direcionar sua própria vida, mostrando o objeto da alma pura como "una, individual e eterna" na determinação consciente de entender a si mesma.

Assim, no grau de Minerval 0º, a alma escolhe se relacionar o sistema solar para encarnar. No grau de Homem Irmão / Mulher Irmã Iº a alma encarna e o indivíduo experimenta o nascimento. No próximo passo, Magista IIº, é mostrado como essa alma pode melhor realizar o seu objeto na eucaristia da vida, e o indivíduo tem experiência da vida. O próximo passo é o Mestre Magista IIIº, o clímax de sua carreira na morte e a consagração do sacramento. Nesse grau, o indivíduo experimenta a morte, com um significado semelhante ao de uma auditoria fiscal, que permite ao comerciante ver a sua vida financeira após analisar as suas transações durante o ano. No grau de Perfeito Magista, IVº, o individuo experimenta a pós-morte, com a morte da personalidade e a sua relação com o universo. Por fim, o ciclo é fechado pela reabsorção de toda a sua individualidade para o infinito, e o indivíduo experimenta a aniquilação absoluta e o retorno do ciclo no grau de Perfeito Iniciado PIº.

Os graus que dividem o grau do Homem da Terra possuem correlação direta com os chakras, centros energéticos presentes no corpo humano. Esse é o grau onde o indivíduo conversa com si mesmo, e por esse motivo os membros desse grau não tomam parte no governo da Ordem. É interessante também notar que esses graus mostram a mudança da fórmula do novo Aeon da mesma forma como a transição de AUM para AUMNG, como visto em A Jornada do Som, publicado na Revista Estrela Rubi, Ano 4, Num. 1, Ed. 11.

Vale comentar que todo homem e toda mulher possui o direito de solicitar iniciação até o grau de Mestre Magista IIIº, por sua própria e livre vontade. A partir do grau de Perfeito Magista, a iniciações ocorrem tão somente através de convite.

Entre a série do Homem da Terra e dos Amantes existe o grau de Cavaleiro do Leste e do Oeste. Neste grau, o Indivíduo se compromete a dedicar sua vida a divulgação da Lei de Thelema, sendo uma ponte entre ambos os graus. É nesse grau que o indivíduo recebe o direito de ser ordenado como Sacerdotisa ou Sacerdote da Ecclesia Gnóstica Catholica.

O próximo passo é a série dos Amantes, que por sua vez dividida em alguns graus. O primeiro destes graus é o Príncipe Soberano Rosa-Cruz e Cavaleiro do Pelicano e da Águia Vº, um grau de magnífica beleza, onde o magista é convidado a observar o mundo e sua presença nele. Os membros deste grau tomam parte no governo da Ordem, sendo responsáveis por promover a harmonia e o bem-estar nela. O Príncipe Soberano Rosa-Cruz é o ponto de parada natural para muitos iniciados da Ordo Templi Orientis.

Ainda dentro do Vº existe o grau de Cavaleiro da Águia Vermelha e Membro do Senado dos Cavaleiros Filósofos Herméticos, onde o intelecto e a atitude moral do iniciado passam a ser mais claramente definidos. Os membros deste grau passam a ingressar o Senado e podem tomar parte do Colégio Eleitoral, um corpo social da Ordem que é composto por onze pessoas em cada país, e que possui controle total sobre qualquer assunto relacionado aos graus da série do Homem da Terra, inclusive nomeando Mestres de Lojas aos corpos locais. Os membros do Colégio Eleitoral precisam se voluntariar para tal cargo por um período de 11 anos, renunciando qualquer progresso dentro da Ordem durante este período.

O próximo grau é o Ilustre Cavaleiro da Ordem de Kadosh e Companheiro do Santo Graal VIº, um grau de natureza executiva ou militar onde o indivíduo deve enxergar sua posição no mundo de modo a se consagrar à Grande Obra para qual encarnou. Esse grau também representa o poder temporal do Supremo Rei daquele país e cada membro é submetido à disciplina militar na execução das ordens passadas pela autoridade competente.

O Grau de Grande Inquisidor Comandante segue a mesma linha. Aqui cada membro tem direito a um assento no Grande Tribunal, que é o corpo que decide todas as disputas e reclamações que não foram resolvidas pelos líderes dos corpos locais. Suas sentenças são finais, sem recurso, a menos que um membro do Colégio Eleitoral resolva levar o caso ao Areópago do Oitavo Grau. Todos os membros da Ordem, mesmo de graus mais elevados, estão sujeitos ao Grande Tribunal.

O próximo passo é o de Príncipe do Real Segredo, cujos membros se dedicam à propagação da Lei de Thelema de uma forma muito especial, pois este é o primeiro dos graus onde o segredo do IXº é declarado abertamente.

O VIIº é tríplice. Nele, o magista é ensinado pela primeira vez o princípio do equilíbrio aplicado ao intelecto, a moral e as ações, de modo a dirigir sua vida à realização da Grande Obra com o máximo de responsabilidade e de liberdade, livre de toda a possibilidade de interferências. Para fins operacionais, este grau é o Estado Maior do exército do formado pelo VIº, que inclui o Grande Supremo Conselho, nomeado diretamente pelo Santo Rei, que possuem a missão de viajar pelos corpos locais, por sua própria iniciativa, tomando a função de inspetores e verificando a condição das lojas e dos capítulos.

A partir daí começa o grau do Eremita, cuja série se inicia no VIIIº, e a dedicação do ser a práticas preliminares envolvendo o controle de energias sutis. O VIIIº é m Corpo Filosófico, com seus membros sendo totalmente instruídos nos princípios da Ordem, com o poder de reverter as decisões do Grande Tribunal. O próximo passo deste grau, o Epitome dos Illuminati, que possui um tipo de trabalho especial, que faz com que os membros vivam quatro meses em reclusão por ano.

O passo seguinte é o IXº, ou o Santuário da Síntese do Conhecimento. Este grau somente pode ser conferido a alguém já tenha descoberto e compreendido das indicações nos graus anteriores a natureza do segredo da ordem. Nele é explicado o segredo de maneira clara. As conclusões de toda bagagem das experiências anteriores são colocados ao serviço do iniciado, de modo que cada novo iniciado continue o trabalho de seus antecessores, para que assim os recursos inesgotáveis do segredo possam ser constantemente renovados.

O dever primordial dos membros do IXº é estudar e praticar a segredo, além estar preparados para atuar como representantes diretos do Rei Supremo e Santíssimo, irradiando sua luz sobre todo o mundo. No entanto, a partir da natureza de sua própria iniciação, eles devem ocultar a sua glória em uma nuvem de trevas.

O grau seguinte é Rei Supremo e Santo dos Santos Xº, cujos membros são nomeados pelo OHO. É dele a responsabilidade final por todos dentro de seu santo reino. O XIIº por sua vez é OHO, Outer Head Of Order, ou Cabeça Externa da Ordem, que é aquele com a palavra final sobre qualquer assunto relativo a Ordem. A sucessão para o alto cargo de O.H.O. é decidido de uma forma não declarada, mas devido a natureza do Segredo e dos graus, é coreto dizer que qualquer membro da Ordem, desde o grau de Minerval, é elegível a assumir o cargo de OHO. O OHO pode ser afastado do cargo, mas apenas com o voto unânime de todos os membros do Grau Décimo.

Além destes, existe o XIº, que não possui qualquer correlação com o plano geral da ordem. Em outras palavras, os membros dos XIº habitam tão somente seus próprios palácios. Esse grau foi incluído tão somente a uma série de estudos particulares de Crowley sobre o IXº.

Vemos assim como o conhecimento legado da humanidade, sob a influência do Novo Aeon, passa a estar disponível a qualquer indivíduo em um sistema simples, racional e relevante que visa promover a iniciação do indivíduo com base em sua própria liberdade, de modo que cada um venha a se desenvolver por si, mas sem perder o ideal de fraternidade e o potencial de congregação, tão caros ao passado legado pela Ordem.


Amor é a lei, amor sob vontade.


Frater Kin-Fo.


Bibliografia Geral


Perdurabo, The Life Of Aleister Crowley. Por Richard Kaczynski.

Forgotten Templars, Por Richard Kaczynski.

Confessions, por Aleister Crowley.

Mistery of Mistery, por Frater Sabazius Xº

Liber LII: O Manifesto da O.T.O

Liber CI: Uma carta aberta aqueles que Desejam Unir-se a Ordem.

Liber II: Mensagem do Mestre Therion.

Liber CLXI: Sobre a Lei de Thelema.

Liber CXCIV: O.T.O. An Intimation with Reference to the Constitution of the Order.

O Nosso Lado da Escada, por João Guilherme.

Os Fios da Meada, por João Guilherme.

Desmistificando a Maçonaria, por Kennyo Ismail.

Ducan´s Ritual, of Freemasonry por Malcolm Ducan.

Freemasonry: Rituals, Symbols & History por Mark Stavish